Postagens

Mostrando postagens de 2015

Princípios

Imagem
Interessante como a religiosidade imprimiu em nossa sociedade uma forma de ver o outro de uma forma tão particular. Falava recentemente com uma tal Luanna Santos via Facebook - confesso que foi uma das conversas mais improfícuas da minha vida. A conheci há alguns anos, em idos tempos em que eu era apenas um rapaz adventista. Notei que em suas fotos mais recentes tinha ares eróticos e algumas imagens pareciam ter sido tiradas em baladas na companhia de outros jovens. Aquilo me causou certa curiosidade e logo perguntei: - Você bebe? Costuma sair? - Não! Eu tenho princípios. Essa resposta me deixou tão intrigado que me motivou a escrever. Será que uma pessoa que ingere bebidas alcoólicas é assim tão inescrupuloso? Obviamente, não. Como os ateus costumam dizer: religião não define caráter. Seguir uma denominação religiosa que coíba uma porção de coisas "mundanas" não garante a integridade de ninguém. Um legado da reforma protestante em associação ao capitalismo é

Um Relato Ateu sobre o Natal

"Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará". Esse é um dos trechos bíblicos que mais me identifico. Porém, contrariamente aos propósitos daqueles que me doutrinaram, quanto mais eu estudo o universo e tudo que nele há, mais eu me aproximo do ateísmo. No princípio, minha inquietação partiu de pesquisas que empreendi sobre as origens do Natal. Ler textos de filosofia também foi fundamental, pois foi em Bacon que entendi as dimensões do conhecimento, o quanto aquilo que sabemos pode estar contaminado nos levando a uma apreensão errônea da essência das coisas. Demócrito afirmava que não era possível chegar a saber o que cada coisa realmente é, havendo apenas a possibilidade de aproximar-se da realidade.  Durante a história da Humanidade, muitos foram os homens que fizeram da busca pela Verdade uma questão vital. Entretanto, estamos em crise. Aceitamos as instituições culturais e sociais com imensa frivolidade, sem o mínimo de criticidade. Minha geração não prod

Merendando Feijoada

Uma coisa que me deixa pensativo é quando percebo que estou funcionando no piloto automático, fazendo o mesmo que todo mundo faz, da mesma forma que todo mundo faz. Uma história que ilustra a questão foi a ocasião em que meu irmão acordou à tarde, depois de uma siesta indolente, perguntando inutilmente por repetidas vezes: - Vocês merendaram a feijoada? Impossível lembrar disso e não rir. Há quem acredite que sua irritação era devida ao fato de não o terem acordado para compartilhar ao lanche à la europeia (sim, a origem da feijoada é europeia). Mas, oficialmente, a indignação do meu irmão uterino partia da ideia de que não se devia ter comido a feijoada depois do almoço, em substituição ao rotineiro pão com achocolatado.  Mas, convenhamos, qual o problema de comer feijoada à tarde, à noite, de manhã? O mais importante é termos uma dieta equilibrada, com alimentos saudáveis - obviamente a feijoada não é paradigma para nenhuma dessas coisas. Mas, vamos entender um pouco da

Dia de Finados

Sou obviamente do tipo que não segue tradições, mas ao mesmo tempo tenho uma vontade imensa de colecionar novas experiências. Hoje fui ao cemitério com meus sobrinhos Evelyn e Threvor visitar o túmulo do meu pai. Paradoxalmente, o cemitério estava mais agitado do que os botecos. Comprei flores azuis que nunca vão murchar e deixei no túmulo, contando algumas frases clássicas e outras histórias da vida do meu pai aos meus sobrinhos. Tal qual Mário Quintana, meu pai tinha uma ideia de epitáfio bem peculiar e curioso. Enquanto o poeta mais famoso pôs a frase “Eu não estou aqui”, meu pai queria que puséssemos em sua lápide o seguinte: “Aqui jaz, porém contra sua própria vontade, Carlos Alberto Lima dos Santos”. Ele era extremamente inteligente e gozador, perspicaz e estimulante. Infelizmente, por questões burocráticas, ainda não pudemos fazer modificações na sepultura. O fato é que conversávamos muito sobre a morte, o que fez que tal assunto se tornasse um dos meus preferi

Time-Fora

Ontem participei de um jogo de futebol com uns colegas de trabalho. Não vou aqui comentar que a minha vida está se tornando o clichê que eu sempre temi e fugi. Vou me dirigir à própria partida. Formamos duas equipes. Sem um chamado time-fora, percebi que não havia muita entrega por parte dos jogadores. Os gols saíam facilmente, a marcação era frouxa e desinteressada. Parece que sem a possibilidade de derrota nos acomodamos. Sem um objetivo as coisas tendem a perder a graça e a emoção. Já vi verdadeiras guerras quando se premiava o vencedor com uma garrafa de refrigerante. Da mesma forma acontece com a nossa vida. Agora mesmo estou desmotivado. Preciso de um desafio. A fim disso, escrevi um roteiro de entrevista e aguardo o aval das minhas mestres para dar prosseguimento à uma pesquisa - o que poderá render um artigo, quiçá um livro. Sem um objetivo a vida perde a graça, ficamos vazios e infelizes. Imagina se a vida fosse eterna? Viveríamos adiando os afazeres. Aquele abraço nu

Falar e Hablar

Desde criança, sempre tive vontade de aprender uma língua estrangeira. Hoje posso dizer que me comunico em 3 idiomas diferentes, mas ainda quero aprender o francês e o italiano. No mais, o que num primeiro momento era uma necessidade mercadológica, se tornou uma parte incrível na minha vida. Adoro falar com estrangeiros. No meu trabalho, às vezes vem a ser cansativo, mas quando me vejo intercalando português, inglês e espanhol ao atender os hóspedes sinto uma sensação incrivelmente prazerosa. É fantástico! Não consigo ver minha vida sem essa pequena parte. Às vezes, quando estou de folga e passeio pela cidade, meu dia só se torna completo quando abordo um turista e converso sobre assuntos diversos. Aprendo um pouco sobre seu país e cultura e tento falar as maravilhas da minha cidade, da Região Amazônica como um todo. Em alguns escritos é possível entender que, para os autores, o turismo pode ser visto como uma ferramenta promotora da paz entre os povos - principalme

A Personificação do Brasileiro

Recentemente revirei alguns jornais antigos e acabei lendo algumas notícias antigas e, paradoxalmente, muitíssimo atuais.  Numa das páginas que encontrei trazia um artigo do Bosco Saraiva. Regularmente, este mesmo articulista até escreve coisas interessantes, mas a que eu sorteei era, minimamente, de um péssimo gosto! Bosco Saraiva elogiava Pelé com exagerados adjetivos e o trecho que achei mais ridículo foi: "um ser humano maravilhoso". Ora, não discutiremos aqui o talento, êxitos e méritos do Maior Atleta do Século XX, mas chamá-lo assim por suas competências sinestésicas e classificando-o pessoalmente e individualmente por isso é idiotice. Um Homem não se constrói com gols, dribles e belas jogadas dentro de quatro linhas, mas com atitudes e valores que poucos são detentores. Bem sabemos que o Brasil jamais foi um país intelectualizado. A estupidez do povo brasileiro é explícita, principalmente quando o assunto é nacionalismo. O brasileiro passa a maioria dos seus

Sobre a Democracia

  Vinha no ônibus. A noite manauara, só pra variar, estava quente. Os caboclos se apertavam no transporte coletivo. Quase chegando à casa da minha (ex) namorada, vi uma rua chamada Herodes. De pronto, me espantei. O que me chamou a atenção é que a comunidade onde ela mora chama-se “Aliança com Deus”. Como pode uma comunidade que homenageia a religiosidade – com um dos principais símbolos dos primórdios religiosos da ligação Homem-Deus – ter uma rua que homenageia um dos principais algozes de Cristo? A resposta é clara: O povo é estúpido. O mesmo povo que hoje clama por Jesus, que infestam a cidade com inúmeras igrejas, tendas e outras casas de adoração, foi o mesmo que outrora assistiu passivamente à crucificação e morte de seu principal herói. Fictícia ou não, a história de Jesus é um exemplo claro da estupidez e idiotice do indivíduo humano. Não é incomum ver um eleitor lamuriando-se pela incompetência de um político. Ora, quem será mais incompetente: o eleitor ou o eleito? Há

Os Mortos Vivos

Imagem
Interessante que mesmo depois de mortos, alguns predestinados continuam encantando, fazendo com que sua arte continue, permaneça. Definitivamente, a arte é imortal! O filme “Tempos Modernos”, obra memorável de Chaplin, deveria ser considerado a oitava maravilha do Mundo. Antes de se comentar sobre a qualidade da filmagem, do elenco, do enredo, da sonoplastia (levando-se em conta os recursos técnicos da época), temos que lembrar que se trata, sobretudo, de uma profunda crítica social. A alienação provocada pelo trabalho repetitivo, expressão máxima e extrema do fordismo, é explicitado. Com muitíssimo bom humor, Carlitos deixa sua mensagem. Trata ali de furtos motivados pela pobreza para saciar a própria fome e outras mazelas sociais.  Ali podemos contemplar o talento e desenvoltura ante as câmeras de um dos mais bem sucedidos ateus. Gravado em 1936, mesmo alguém que nasceu em 1990 (assim como eu) pode relacionar-se com o gênio de Chaplin. Um livro, uma pintura ou melodia também

Os Prédios e a Personalidade

Há pouco mais de 1 ano me mudei para o bairro de Santa Etelvina, na zona norte de Manaus. Nesses 24 anos aprendi a viver na periferia. Nem mesmo as longas viagens ao Centro da cidade me molestam. Possivelmente essa é uma característica do conformismo (uma das coisas que mais detesto), um sentimento indispensável para a felicidade ou bem-estar espiritual.  Nesses últimos tempos aprendi que ficar se lamuriando e evitar viver bem consigo mesmo por fatores externos é uma bobagem, um empecilho para o bem-viver. Hoje em dia estou mais tranquilo e, possivelmente, mais contente. Uma coisa que tem me chamado atenção na redondeza da minha moradia é a mescla entre o provincianismo e modernidade. Alguns núcleos do bairro são agitados, com bares, restaurantes, um comércio intenso... No mais, outras áreas são calmas, chegando ao enfadonho. Um dia desses fui comprar umas cervejas e as tabernas estavam fechadas, como na Manaus do século XIX onde era quase sagrado o descanso diário no horário

Se Essa Cama Fosse Minha...

Saí do meu quarto e migrei para o da minha mãe. O dia começava quente em Manaus, queria dormir um pouco mais que, por conta dos meus pensamentos perturbadores, não aconteceu. Logo, comecei a refletir sobre o quanto o tipo de cama pode dizer sobre a nossa personalidade. Tenho uma cama de solteiro. Essa característica pertence às pessoas que tem asco pela vida a dois.  Eu sou solteiro convicto. Penso no casamento como uma instituição falida, fadada ao fracasso. O Homem nasceu para a liberdade e, convenhamos que, casamento e liberdade são conceitos totalmente antagônicos. O casamento só ensina coisas que ninguém precisaria saber de não fosse casado. O adultério é a prova fundamental que a associação através do casamento exige um nível de confiança e risco demasiado perigoso e desnecessário.  Querer outra pessoa apenas para si é mesquinho e egoísta. Portanto, Dormir numa cama de solteiro é desfrutar da sua própria companhia, sentir sua respiração, é aquecer-se com seu próprio cal

Reclusão e Avatar

Está claro para mim que as propagandas são as minhas principais fontes de inspiração. Talvez por um sonho frustrado dos tempos em que eu almejava trabalhar em um escritório criando formas de atingir o cliente e alcançar o objetivo premente de gerar consumo. Agora, o objeto de reflexão foi um comercial da Claro, operadora de telefonia móvel que expandiu para o ramo de TV à cabo. Na cena, um casal está no cinema e a esposa reclama amiúde com o marido por conta da comodidade que uma sala de cinema não oferece. Para ela, o ideal seria ter ficado em casa para assistir o mesmo filme com todos os recursos que os canais fechados oferecem. O que mais chamou atenção foi o fato de que, nesse caso, não é a propaganda que se interessa em moldar a sociedade e sim características sociais já há muito anunciadas por teóricos futuristas é que dão o "tom" da propaganda. Ora, vivemos numa era dedicada à individualidade. A coletividade, confraternizações, e possivelmente até mesmo a fam

Santo Conforto

Acho interessante a forma como os religiosos de seitas protestantes quanto à sua vida econômica. O repúdio contra qualquer manifestação asceta e a tendência em acumular bens materiais são bem perceptíveis. Não que eu tenha algo a favor da renúncia dos prazeres mundanos ou autoflagelação, porém, a busca por uma vida terrena confortável e prazerosa me soa meio estranho vindo de pessoas que buscam a ascensão ao Reino dos Céus. Para esse grupo de religiosos não basta desfrutar no futuro de ruas de ouro cravejadas com diamantes. A vida terrena também necessita ser recheada de vários feitos que visam apenas o campo material. Daí o desinteresse dessas pessoas por coisas como meditação, reflexão filosófica ou contemplação. No primeiro capítulo de A ética protestante e o espírito do capitalismo, Weber observava a inclinação de protestantes quanto as formações em caráter técnico enquanto estas mesmas eram preteridas pelos católicos; estes últimos preferiam as formações em caráter human

Cordialidade Brasileira

Imagem
Agora há pouco vi um hóspede brasileiro emprestar seu tablet para uma canadense que muito necessitava estar conectada. A cordialidade é e sempre será um diferencial do povo brasileiro. Possivelmente é o que nos diferencia dos demais. Se falta profissionalismo - o que não é algo pra se orgulhar - sobra afabilidade. Como uma vocação, temos o talento para tratar bem os estrangeiros. É maravilhoso o ensaio de Sérgio Buarque de Holanda sobre a cordialidade intrínseca ao povo brasileiro. O capítulo do livro chama-se O Homem Cordial que, na minha opinião (e também na de Holanda) é sua maior obra depois de Chico Buarque.  Segundo Holanda, a raiz etimológica desta palavra é latina, especificamente oriunda da palavra " cordis ", que significa "coração". É basicamente isso: temos a propensão em ser cordiais com os que vêm de fora. Sem o interesse pecuniário em mente, sem nenhuma intenção arrivista. Bem verdade é que os povos do Novo Mundo sempre tiveram o dom do bem

Bom Descanso!

Bom descanso! É o que diz o meu colega de trabalho Leonardo quando trocamos o turno. Confesso que nunca tinha ouvido tal saudação e, desde a primeira vez que ouvi, reflito sobre as implicações existenciais desta sentença. Mas o ponto que me chama mais atenção é que esta frase não está atrelado ao bem-estar do indivíduo diretamente, ela revela uma preocupação primeira com a manutenção das atividades laborais. Trabalhar sempre foi algo comprovadamente difícil para mim. Nunca vi bem a ideia de dedicar meu tempo à atividades que não me dão prazer. Dedicar-se em prol do enriquecimento alheio soa até mesmo como insano.  Pelo menos insano no sentido da acumulação pela acumulação, como um fim em si mesmo. Weber trata disso quando explica o que significa o espírito do capitalismo. Porém, essa vontade de ganhar mais e mais dinheiro soa sem sentido para quem se importa mais com as questões imateriais da existência. Nos lugares em que a cultura capitalista não penetrou, a transformação do

Ônibus e Instinto

Das raras vezes que vou a terminais de ônibus me ocorre a mesma ideia: as características mais primitivas do gênero humano se esgarçam neste espaço. Já fazia algum tempo que planejava escrever sobre isso até que encontrei com o colega Iná, recentemente, e comentei sobre a questão. Nada como uma mesa de bar para se revelar os pensamentos mais ingratos. Percebo que, numa fila de ônibus, as noções de civilidade idealizada com as cidades modernas - sob os novos paradigmas de urbanismo que surgiu no final do século XIX - juntamente com as ideias de circulação e convivência, fracassaram. As pessoas se acotovelam por um mero lugar no transporte coletivo. Pouco importa o axioma "amai o próximo como a ti mesmo". As pessoas só se interessam em seu relativo conforto.  Já vi coisas absurdas: homens sobrepujando mulheres, jovens subjugando idosos, adultos pisoteando crianças. Não interessa classe social, gênero sexual, faixa etária. Qualquer interesse coletivo é desapropriado em pr

Filhos, Filhos

Imagem
"Filhos, Filhos... Melhor não tê-los". Citar o "Poema Enjoadinho" de Vinícius de Moraes publicamente num grupo do WhatsApp causou estranhamento com uma colega de trabalho. O fato é que as pessoas seguem à risca a máxima bíblica de crescer e se multiplicar. Mas, mais do que bíblico, essa é uma máxima biológica que conduz bastante a nossa forma de agir. Sexo, dinheiro, amor, família, carreira, status; praticamente tudo está relacionado com a finalidade latente de reprodução ‑ moldando não apenas nosso sentido de moralidade, mas também criando-se uma ética que é responsável pela nossa conduta. Já tive, em uma oportunidade, a vontade de ter filhos. Inclusive, em dedicatória da minha monografia escrevi: "Aos meus filhos, que habitam apenas o mundo das ideias...". Porém, não consigo mais me imaginar sendo um pai. Essa função exige tamanha dedicação e altruísmo que chega a me assustar.  Vejo pessoas abandonando seus sonhos, passando por dificuldades fi

Agradando Vagabundas

Houve um tempo que eu era extremamente seletivo quanto às minhas parceiras afetivas. Não costumava ficar com qualquer uma. Devia haver o mínimo de sentimentalismo, gostava de saber sobre a família da pessoa, enfim.. O plano era que a relação fosse duradoura.  Entretanto, hoje em dia penso que desperdicei a possibilidade de ter boas noite com certas pessoas que não me permiti conhecer por mero preciosismo.  Óbvio que ainda me acho um rapaz distinto, mas a escolha pelas parceiras sexuais não envolvem mais nível intelectual e bons modos à mesa. Hoje em dia basta me parecer que "valerá a pena". Sem contar que, definitivamente, eu sou um mestre em agradar vagabundas. Me eduquei para ser um cavalheiro, cortejar e tratar bem uma mulher. Porém, percebi que não importa o quanto você se esforce para agradar uma mulher, nunca será o suficiente ao olhar feminino. Principalmente ao olhar das "moças de família".  Essas são inclinadas a escolher homens inteligentes e bem educad

Solo

É interessante como as pessoas muitas vezes parecem necessitar de um parceiro amoroso, tal qual um namorado e afins. Conversava um dia com meu colega Rominik sobre isso. Em suas palavras, seus amigos não conseguem passar 2 meses sem namorado, parece algo compulsório e, possivelmente, patológico. Pelo o que observo entre meus amigos virtuais - que parecem ter encontrado o amor da sua vida semanalmente - isso é verdade. O fato é que, parece ser de uma necessidade da maioria estar envolvida em um relacionamento. Quando alguém torna público a informação de estar envolvido em uma relação amorosa, logo é parabenizado. O contrário ocorre na mesma intensidade, como que se estar solteiro implicasse tristeza e solidão. Entretanto, s alvo raras exceções, a maioria das pessoas que mantém um relacionamento são infelizes ou atormentadas. Relacionamentos amorosos causam clausura. Não se deve tornar a busca pelo Amor uma premissa existencial e insistir esquizofrenicamente nisso. As pessoas prec

Dia Internacional da Mulher

O mundo respira melhor quando tem mulher bonita por perto. É mais ou menos isso que Luiz Felipe Pondé diz em seu Guia Politicamente Incorreto da Filosofia . O mundo seria extremamente sem-graça se não existissem mulheres. O que me incomoda é o fato de ter-se comercializado o Dia Internacional da Mulher e criado toda uma instituição de se presentear. Vejamos:  a data surgiu para celebrar os ganhos sociais na História da emancipação feminina nos últimos séculos. A data, apesar da não confirmação da história, se refere ao episódio em que algumas dezenas de trabalhadoras morreram num incêndio nos Estados Unidos. A maioria das mulheres parece mais interessada nos ganhos materiais oriundos da tragédia envolvendo suas semelhantes. Ao meu entender, a melhor forma de se celebrar tal ocasião seria incinerar algumas dezenas de mulheres - de preferência feministas feias, mal-vestidas e solitárias. Brincadeiras à parte, devemos considerar o fato de que a convenção social de presentear não

A Ciência Mais Importante

Um dia desses comecei a ler   Saber de e Saber Que , de Leônidas Hegenberg. Por algum motivo ele se diz ignorar muita coisa, inclusive as ideias marxistas. Esse foi o motivo o qual eu não consegui terminar a leitura. Foi inquietante virar as páginas de alguém que se diz ignorar nada mais nada menos que Karl Marx. Não que eu seja um marxista ferrenho, mas acho alguns de seus escritos geniais, principalmente   A Ideologia Alemã   ­- que causa orgasmos em qualquer um que goste de escárnio e deboche elegantes. Marx não apenas rompeu com Hegel como também depois dele se passou a dar mais importância aos efeitos materiais no mundo e tudo que nele há.   Mas não é sobre isso que queria falar.  Algumas vezes discuti com meu primo Rafael sobre minha inclinação à Filosofia e Sociologia. Segundo ele, são ciências que não dão nenhuma contribuição à sociedade e por isso mesmo indignas de ser estudadas. Poderia pedir pra ele ler as explicações de Giddens sobre essa questão, mas seria muito

A Vida Póstuma

Imagem
Friedrich Nietzsche  Será que eu não fui feito para o mundo ou o mundo não foi feito para mim? Tenho essa mesma dúvida e me faço essa pergunta quase todos os dias. Assim como Nie zsche, tenho a impressão de que nasci póstumo.  Isso porque experimento de  extremos problemas em adaptar-me ao mundo em que vivo. Sinto que as coisas, das formas como elas são, configuram-se patologicamente instável, tudo fora do lugar. No mundo de hoje, todo mundo tem o dever de escolher uma religião, trabalhar e encontrar um grande amor. A minha religião eu não escolhi: fui adestrado pelo comportamento da minha família e fui praticamente obrigado a ser adventista – com certeza, se estivesse nascido no Japão tinha grandes possibilidades de ser xintoísta. Mas, felizmente, fui liberto e fui levado a ser ateu. Quanto ao trabalho, sou extremamente reticente. Penso que, seguindo Domenico de Masi, o trabalho hoje em dia é algo retrógrado e maledicente ao verdadeiro espírito humano. Tenho extrema difi

Malévola

Um dia desses cheguei em casa após mais um dia de trabalho e menos um de vida. Sentia frio, sono e algumas sensações estranhas me ocorreram: senti falta de alguém. Parafraseando Kant, o sentimentalismo afeta os julgamentos.  É muito incomum a saudade em mim porque eu categorizo  as pessoas  em 3 tipos . Ou seja, existem aquelas que eu tolero, as que eu não gosto e repudio suas presenças e, as mais raras, são as que gosto e sou capaz de sentir falta. Conversava com minha "quase sobrinha" Johanna. Ela, assim como eu, é uma solteira convicta. Sugeriu que eu, assim como ela, comprasse um gato. Ela já tem o seu bichinho que, estranhamente, recebeu o nome de "Malévola". Digo "estranhamente" porque acho os gatos umas criaturas muito afeminadas. Um homem heterossexual nunca deve ter um gato. Não consigo ter medo de um felino como esses. Parece muito incompatível um gato ter um nome de Malévola. Enfim... Mas eu não senti falta de uma namorada simpl

Paixão e Bloqueio Intelectual

Estava há alguns dias sem escrever. Sentia-me meio desestimulado, parecia que me faltava inspiração. Um dia desses aleguei estar com preguiça quando questionado por Eduarda sobre a ausência de novas publicações. Ela, como sempre e desta vez com razão, duvidou do que lhe disse.  Conversava sobre isso com meu colega de trabalho e amigo Rominik. Nesses meses de convivência diária desenvolvemos uma intimidade ímpar, incomum para os meus padrões.  Obviamente, como as pessoas normais fazem, comentei que estou gostando demasiadamente de uma garota e, em meio ao meu bloqueio intelectual, foi Rominik que me deu a resposta para tudo o que está acontecendo: a paixão por outra pessoa está me fazendo concentrar as faculdades nesta pessoa, por isso não estou conseguindo escrever.  Ora, isso agora me parece tão claro que me sinto envergonhado de não ter percebido sozinho. Logo eu que me acho tão bom observador não me dei conta de algo que ocorria comigo mesmo. Após terminar com minha namorad