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Mostrando postagens de 2017

4 Anos em Cartaz

Escolhi a madrugada de 23 de Dezembro para falar dele, mais uma vez. Interessante como duas vidas acabaram com a morte do meu pai. Mas tudo é uma questão de ponto-de-vista, claro: para um otimista, ele se foi e deixou um pedaço dele vivo; para um pessimista como eu, ele se foi e me levou junto. O fato é que, para mim, viver muitas vezes é um grande estorvo. Quem me dera um cálice de cicuta... às vezes não suporto tantas leis não-escritas, tantas regras, normas de conduta, contratos sociais. Pra quê? Simplesmente pra dar vazão ao grande teatro que é a vida. As pessoas esperam certos papéis umas das outras. Um desvio no script implica um grande transtorno para os mais adaptados. Por isso existem as classificações como os desviantes, delinquentes, "fora da curva"...  E há 4 anos eu vivo um personagem: o órfão, filho de um viciado que fará de tudo pra provar seu valor. Atuando com primor. A graduação estava no roteiro, bem como a aprovação no Mestrado. Cada conquista celebr

A César o Que é de César

Poucas vezes me emocionei tanto com o futebol quanto na noite desta quinta-feira. Vivemos um drama com o gol rubro-negro. Lesões, má fase, inexperiência, falta de confiança... esses foram problemas que tivemos que conviver ao longo da temporada. Mas um cara ressurgiu: César. Campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior em 2011, o goleiro César foi protagonista na competição e era tido como uma grande joia e promessa para defender as cores do Flamengo num futuro próximo. No entanto, as coisas não aconteceram. Foi emprestado para clubes menores e ainda assim não teve oportunidades para atuar e dar o seu melhor. Voltou para o Flamengo e passou a temporada sendo a quarta opção, com chances remotas de jogar.  Mas aí vieram os problemas. Alex Roberto, que alguns insistem em chamar Muralha, não vive boa fase. Paulo Victor havia sido emprestado a um time turco e foi parar no Grêmio. Tiago, que acabara de subir para o profissional após conquistar o mesmo título que César, virou opção; mas m

Sobre o Incidente no Porão do Alemão

Ontem os frequentadores de uma das casas de show mais badaladas de Manaus viveram momentos de terror. Tudo por conta de uma briga envolvendo um delegado da polícia civil e um advogado que acabou na morte do segundo, ao ser baleado por um motivo completamente banal.  Bem sabemos que existe algo na legislação que garante o direito à posse armas aos policias e delegados mesmo sem estar em período de trabalho, podendo inclusive adentrar ambientes públicos destinados ao lazer e entretenimento como a casa de show em questão. O que não deixa dúvidas de que tal legislação precisa ser revista. O que me causa indignação é que no último Halloween eu fui impedido de entrar no Porão do Alemão com um pirulito. Sim, um mísero e inofensivo pirulito de caramelo. Possivelmente acharam que o cabo de plástico de 10cm que sobraria da guloseima poderia ser usada intencionalmente para ferir alguém. Mas confesso que achei um exagero, pois no mesmo lugar se vendem bebidas em canecas e garrafas de vidro qu

Young Sheldon

Acabo de assistir ao spin-off de The Big Bang Theory e se eu a resumisse em uma palavra diria que é adorável. Pra um fã da famosa sitcom americana que fala do universo geek trata-se de um verdadeiro presente, principalmente quando consideramos que as estórias envolvendo o Doutor Sheldon Cooper, Leonard, Raj, Howard e companhia estão minguando. Pra falar a verdade, TBBT traz atualmente muito mais certas temáticas que envolvem relacionamentos do que propriamente o mundo nerd.  Mas o fato é que Young Sheldon é uma série maravilhosa. Possui falhas que colocariam em xeque a criatividade de Chuck Lorre - como uma cena em que determinada estratégia usada por Sheldon e seus irmão para chegarem ao hospital é incrivelmente semelhante à usada em Two And A Half Men pelo protagonista Charlie Harper pelo menos uns 10 anos atrás -, mas o sentimento envolvido na aura de um fã torna irrelevante certos detalhes. Ver aquelas histórias outrora contadas pelo Doutor Cooper quando da sua infância no Te

Bullying e Ignorância

Incrível como a ignorância impera quando o assunto é bullying, pelo menos nas redes sociais e na própria vida cotidiana. Os argumentos que mais ouço são do tipo "Isso não existia na minha época!" ou "Isso é coisa dessa geração nutella" ou ainda "Isso é coisa de menino criado no leite com pera", entre outros. O fato é que o bullying sempre existiu, apenas não era assim identificado. Andei lendo bastante sobre a vida pessoal de certos intelectuais ultimamente e percebi o uso de termos genéricos para se falar de suas doenças. O caso de Weber, por exemplo, fala-se de 'crise nervosa' ou 'ataque de nervos' para falar do seu estado psicológico. Hoje em dia é bem provável dizer que ele teve problemas mais específicos como depressão ou outras síndromes psicológicas, mas em fins do século XIX os estudos na área da qual hoje chamamos psicologia estava em seu princípio e questões como a central neste texto tiveram que esperar quase um século para

Promiscuidade Masculina

Sinto-me cada vez mais convencido que há certas características naturais da existência que são extremamente difíceis de superar. Uma delas envolve a monogamia. Havemos de levar em conta que o amor romântico é algo relativamente recente em nossa existência e o casamento, apenas uma convenção social. A verdade é que somos impulsionados pelos instintos a se reproduzir. E a biologia explica muito bem a situação: imaginemos a vida nas savanas, quando nossos antepassados tinham que competir com feras mais fortes e mais velozes, sem o auxílio de ferramentas sofisticadas. Não devia ser fácil. A morte era iminente. A média de idade, dizem os arqueólogos, era em torno de 29 anos. Raros eram os casos em que se passava disso. Muitas crianças morriam de fome, eram abandonadas ou devoradas pelas feras que cercavam os agrupamentos humanos. Crescer e multiplicar-se! Essa era a forma mais segura de perpetuar a espécie. Com uma gestação de quase 1 ano era difícil deixar a cargo das mulheres

Procastinação e Religiosidade

Olhava meu timeline no Facebook e me deparei com uma postagem que pedia orações para se terminar um livro. Achei impressionante e não contive meus comentários impiedosos, afinal, esse fato só confirmou a minha ideia de que crer num ser superior é a mais sincera demonstração de debilidade emocional. Falo isso porque, na realidade, a pessoa só precisava de motivação, mensagens e comentários que lhe dessem estímulo para realizar a tarefa. E foi exatamente esse o conteúdo do meu comentário: existem vários métodos para frear a procrastinação, não precisa apelar para uma divindade da qual nem mesmo temos certeza da sua existência. Pouco antes de escrever esse texto estava utilizando uma das minhas estratégias para me manter focado: sempre que me sinto desmotivado procuro assistir vídeos no Youtube que tenha algo a ver com conhecimento. São aulas sobre determinados temas, resenhas de livros, áudio books... e isso tem me dado sempre mais vontade de adquirir conhecimento, estudar, me

Burocracia Burra (hashtag chateado)

Muitas vezes reclamamos da burocracia que regula a vida cotidiana na modernidade, mas havemos de convir que muitas vezes não só ela é necessária como também indispensável. Como quando tentamos um crédito numa loja de departamento e nos deparamos com uma súmula de documentos. Imaginemos se a loja simplesmente concedesse crédito à qualquer pessoa utilizando de outros critérios além dos mais óbvios já estabelecidos como cadastro de pessoa física, comprovante de renda e endereço? Seria, no mínimo, uma coisa estranha e insensata. No entanto, acabamos nos prendendo a coisas tão insignificantes que acaba por tornar a vida angustiante. Semana passada precisei usar a biblioteca da universidade. Não se pode entrar com bolsa no local onde ficam as mesas, então é necessário pegar uma chave no balcão e deixar  os volumes num armário destinado a esse fim. Nesse dia, tinha uma placa dizendo que estavam sem sistema, mas como não faria nenhum empréstimo ou devolução me dirigi para pegar uma ch

O Dia dos (não) Pais

Chegando o segundo domingo de agosto e eu me preparo para ver uma infinidade de postagens de amor repentino aos pais que se manifestam em um único dia. Infelizmente o meu já partiu dessa para um pior, mas, se ainda estivesse vivo, não seria certa a minha visita porque não curto fazer algo simplesmente por convenção ou por uma mera selfie. Estava assistindo à série How I Met Your Mother e em certo episódio o promíscuo personagem Barney comemora o dia dos não-pais após uma possibilidade de gravidez não se confirmar. Confesso que passei a achar injusta o fato de não existir no calendário o dia nos não-pais, mas, pra falar a verdade... todo dia é dia dos não-pais! Não há nada melhor do que acordar na hora que se deseja acordar, de comer na hora que te dá vontade, de não ter que aturar um emprego pela obrigatoriedade de ter que sustentar outra pessoa que, no futuro, por mais que você se empenhe, ainda pensará que seus esforços não foram suficientes. Apenas um não-pai desconhece o dissa

Resposta ao Está Escrito - Perguntas que um ateu deveria responder

Primeiramente, como de costume nas produções religiosas, se trata de um vídeo apelativo em suas imagens e sonoplastia que se esforça em passar uma sensação de respeito ou mesmo medo, temor  (ainda bem que isso foi apenas na introdução). Sem contar a forçação de barra no final a fim de converter o ateu que possa estar ali assistindo o vídeo. Patético! Ainda no início o narrador afirma que "Ele permaneceu através dos tempos ". No entanto, havemos de ter consciência de que a ideia do deus monoteísta é relativamente recente e, provavelmente, muito em breve, será mais um a ser considerado mitologia. Afinal, como disse Ralph Waldo Emerson, "a religião de uma era é o entretenimento literário da seguinte". Também nesse mesmo início o narrador cita palavras de esperança da bíblia e da religião, deixando claro que a questão da fé é muito mais importante em aspectos psicológicos, servindo de esteio emocional e motivacional para pessoas debilitadas o que me faz ter certeza

Violência Doméstica

Um assunto que vem ganhando força nas pautas jornalísticas são agressões físicas e psicológicas causadas por aqueles que deveriam cuidar e proteger suas esposas. Muitas vezes temos a impressão de que isso é um indício da degeneração humana já que os índices de denúncias e casos vem subindo. O que acontece não é que a violência doméstica vem aumentando. Simplesmente, cada vez mais pessoas tem coragem de denunciar e falar abertamente sobre seu sofrimento. Um desses casos que eu conheço aconteceu com uma amiga. Durante muitos anos ela foi abusada e violentada de todas as formas possíveis e mesmo depois da separação sofre ameaças e tem uma vida infernal que a faz temer sair de casa para trabalhar ou simplesmente ir comprar pão. Mas, apesar das possíveis retaliações e ameaças é muito importante que as mulheres sigam denunciando. Uma lei específica já foi criada. Algumas delegacias existem apenas para proteger o sexo forte. Essa é uma luta que todos devem estar engajados. É inadmiss

Ter ou Não Ter, Eis a Questão

Um dos textos que eu mais curto entre os clássicos da Sociologia é As Grandes Cidades e a Vida do Espírito , de Simmel. Interessante o trecho em que o autor faz certas reflexões sobre o dinheiro - questões essas que são amplamente exploradas e de uma forma mais sofisticada discutidas em seu livro Filosofia do Dinheiro - e que, de certa forma, a vida social se resume a um mero 'quanto'. Me lembro de uma vez, quando da minha estada no município de Tefé, estava num espaço chamado de Mangueiras em companhia de um colega de trabalho do meu irmão, o Cabo Marcos. Nesse dia, acontecia uma festa com atrações musicais, o que redundou numa grande festa. No final de tudo, é comum todos se dirigirem à uma casa de show que se chama Renascer, já que nas mangueiras os bares tem um horário - relativamente cedo - definido para fechar. Marcos se interessou por uma garota que provavelmente já estava sendo cortejada por outro rapaz, mas, por algum motivo, se mostrava inclinada a vir conos

O País Sem Preconceito

         Interessante como em nosso país as mentiras não precisam se contar mil vezes para que se tornem "verdade". Um dos mitos que se estabeleceram com maior êxito foi o do país onde não há preconceito.          E o argumento que mais se usa para se defender essa "tese" é de que, por se tratar de um país onde a miscigenação se deu de tal forma espetacular, as diferenças não são tão claras, e o preconceito não se manifesta como em outros lugares do mundo. Por todo mundo ter em sua família certa origem indígena e negra, as diferenças e a aparição de atitudes preconceituosas e racistas se dá de maneira ínfima e quase inexistente.         Contesto fielmente tais afirmações. O Brasil é um país extremamente preconceituoso. Dizer que o preconceito existe, mas se dá de uma forma velada é querer colocar "panos quentes" no problema. Digo isso não apenas como observador, mas principalmente como alvo.          Ontem, por volta de 9:30 da noite entrei em ônibu

Nada Como Uma Reprise

Um dia Heráclito disse que um homem não passa pelo mesmo rio duas vezes. Primeiro porque o homem já não é mais o mesmo e segundo porque aquelas águas já passaram, portanto o rio também já não o é mais idêntico. Obviamente, essa observação do filósofo efésio foi incrível, mas o mesmo não imaginou os impactos e desdobramentos que esta tomaria. Com um oportuno exemplo, me permitam prosseguir. Recentemente assisti ao filme Bater ou Correr em Londres , com Jack Chan e Owen Wilson. De uns tempos pra cá, decidi rever vários dos filmes que idolatrei nos tempos da minha infância/adolescência. Inversamente ao que senti por Eu, Eu Mesmo e Irene , esse filme me encantou ainda mais. Lembrava de ter me divertido muito assistindo a esse filme pela primeira vez - há mais de dez anos. Mas dessa vez, muito daquilo foi diferente. O acúmulo de conhecimento e experiências me fizeram ver e sentir coisas que num primeiro momento não fora possível. Ter sapiência de dados e fatos de Chaplin, Arthur Conan