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Mostrando postagens de janeiro, 2016

More and More

Na Introdução do livro Utopia , Thomas More – ou Morus se você preferir a forma latina – fala das dificuldades que foi escrever aquela obra. Para qualquer intelectual que não é financiado por um investidor ou agência de fomento, empreender suas pesquisas é um grande desafio. Eu mesmo estou com alguns projetos pendentes por não ter como imprimir os formulários sem dinheiro, financiar minhas idas a campo ou me sustentar para dedicar meu tempo exclusivamente à ciência.  Se não fosse por um financiador, dificilmente Da Vinci teria sido Da Vinci. É muito difícil ser criativo quando temos que dividir nossas preocupações entre a verdade do universo e a prestação que vai vencer. Morus falava principalmente das horas impossíveis de se dedicar ao seu trabalho intelectual quando as dedicava a coisas fundamentais como o trabalho e o sono. Tive algumas tentativas infrutíferas tentando sacrificar meu sono, mas percebi que sou um imprestável quando o primeiro bocejo surge. A solução que encon

Hipocrisia Carnavalesca

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Chega o período de Carnaval e novamente os mesmo assuntos surgem na mídia. Há alguns dias tive o desprazer de ler um texto do apresentador Danilo Gentili sobre essa manifestação cultural. Segundo dizia, o ator - digo ator porque o mesmo de disfarça de apresentador, comediante, humorista e dublador e as pessoas acreditam - disfarçado de cronista queria ser presidente por um dia para abolir as festas de carnaval. Por que? Em seu argumento, gasta-se muito do erário público para financiar as manifestações, doenças sexualmente transmissíveis de propagam e há um considerável aumento nos índices de violência e fatalidades no trânsito. Estaria ele equivocado? Obviamente não. Porém, temos que atentar para o fato de que tais problemas não são sazonais, isto é, ocorrem o ano inteiro. Essas questões e, principalmente, a violência são fatos sociais, de acordo com definição de Durkheim. Duas das características dos fatos sociais são: generalidade e externalidade. Geral porque é comum em tod

Mulheres de Tefé

A questão da xenofobia, aquele horror àqueles que vêm de fora, é um grande impasse para o estabelecimento de boas relações entre visitantes e visitados, para a mútua compreensão entre os povos através do Turismo.  Porém, a xenofilia - que é exatamente o contrário - é algo observável em várias situações. Ano passado tive uma estadia de quatro meses no município de Tefé, que fica uns 600 km  de Manaus. Ouvia muitas histórias sobre as mulheres de lá, mas sinceramente não achava que as coisas aconteciam com tamanha intensidade. Há de se destacar o fato de, por conta da sua localização privilegiada, a cidade é base das forças armadas. O comércio é intenso enquanto o setor de serviços sofre de uma qualidade decadente crônica. Senti falta de ser mal atendido pelos caboclos da minha cidade. Mas o que compensou essa imperfeição foi a receptividade feminina. Nunca pensei que o simples fato de ser um sujeito autóctone de Manaus me abriria tantas portas e, eventualmente, pernas

Pobre Capitalismo

Sempre buscamos encontrar um motivo para as nossas misérias, mas nunca vi algo ser tão injustiçado quanto o sistema capitalista. As pessoas comuns costumam colocar a culpa de todos os males do mundo nas consequências da modernidade e seus derivativos. Às vezes me pergunto se anteriormente à emergência do capitalismo e da modernidade a Humanidade vivia em harmonia, paz e segurança. Obviamente, a história nos diz que em tempos passados nossos ancestrais conviviam com problemas equivalentes aos atuais. Antes do capitalismo e o desenvolvimento da técnica a média de idade era baixíssima. Não que as pessoas não vivessem muito, mas por que a mortalidade infantil era altíssima. Doenças que hoje são tratadas com uma mísera pílula matavam aos milhões em tempos de outrora. Foi graças ao capitalismo que tivemos um avanço tecnológico incrível! Hoje temos ferramentas que tempos atrás eram apenas imagináveis ou, algumas, inimagináveis. Alguns pensam que extinguindo o dinheiro os males do

Diferenças

Aprendi muito cedo que não deveria ser um estranho no mundo. (in) Felizmente, percebi que isso seria impossível pra mim. As pessoas têm certo estranhamento por quem age diferente. Uma denominação religiosa, por exemplo: as pessoas tentam converter tolos que como eles, depois de um tempo, serão tolos idênticos. Com sorte, consigo ter amigos que, mesmo com tantas diferenças ideológicas, podemos ter um relacionamento saudável. Gabriel, Wagner, Janes e Ivonne; são católicos, mas tenho certeza que são meus melhores e verdadeiros amigos. Poucos são os relacionamentos que mantenho com tanta salubridade. Sinto pena das pessoas que acham que por quê uma ou outra pessoa podem ser melhores simplesmente porque têm o mesmo pensamento que o seu. No último Réveillon, por exemplo, dei as mãos com cristãos porque eles acreditam que usar uma cor e rezar pra uma deidade invisível é garantia de que o ano (uma rotação involuntária de um planeta qualquer) será melhor que o anterior. Afora i