Conhecimento e Utilitarismo
Sócrates, diz Ítalo Calvino em seu livro Por que ler os Clássicos , aprendia uma ária na flauta mesmo após sentenciado. Quando perguntado sobre o motivo - já que o cálice com cicuta estava por lhe ser servido - ele respondeu: preciso aprender esta ária antes de morrer. O filósofo não precisava de um caráter prático ou utilitário para despender algum tempo em uma atividade. Para ele, era algo simples e profundamente existencial. Me martiriza ver a dimensão que o utilitarismo ganhou na contemporaneidade. Já perdi as contas de quantas vezes fui questionado sobre o porquê de ler tanto, porquê estudo filosofia, por quê estou cursando um mestrado em Sociologia e assim por diante. O fato é que a maioria das pessoas acredita que as leituras precisam ser direcionadas para um fim ou utilidade, onde se precisa de um caráter tecnicista para qualquer atividade e involuntariamente essa crença acaba chegando ao nível do conhecimento. Por coincidência, mais cedo estava lendo Macunaíma ou melhor