Renan Oliveira

Após 20 anos, um time amazonense ascendeu no campeonato brasileiro de futebol. Foi o Manaus FC, clube recém fundado que chegou à final da Série D de 2019 e se classificou para disputar a Série C em 2020. Sabíamos que se tratava de uma competição duríssima. Times tradicionais e suas camisas "pesadas", alguns "pequenos" em ascensão e bem organizados, viagens longas, ausência de público nos estádios... Mas tínhamos confiança de boas apresentações.  Desde a sua fundação, o time amazonense se mostrou interessado em grandes feitos que, para aqueles que torcem contra o futebol amazonense, eram pretensões que não combinavam com a dimensão do clube. Mas o Manaus vem crescendo. A não classificação para a segunda fase da Série C soa como fracasso, mas há sempre diferentes formas de se olhar para um fato. Ao mesmo tempo em que o Manaus não se classifica, ele se garante para a sequência de uma Série C e, se tudo der certo, voltará fortalecido, com mais bagagem para disputar a c

Desde 2018 venho acompanhando o time do Manaus FC e tenho visto muita coisa boa. Pouco a pouco vamos constatando que somente com organização e muito trabalho é possível resgatar o futebol amazonense do limbo em que se encontra. Após a ascensão do São Raimundo à Série B, o torcedor amazonense teria que esperar 20 anos para ver um time local subir de divisão novamente. E foi o novato Manaus Futebol Clube que nos proporcionou esta alegria. Criado no ano de 2013, logo o esmeraldino se mostrou um time organizado dentro e fora das quatro linhas e vem mostrado que não há receita de bolo, mas existem certos conceitos que são fundamentais para crescer no futebol. Desde que foi criado o Manaus acumula 3 títulos estaduais, duas ótimas participações na Série D e um trabalho que vem servindo de exemplo aos demais clubes da cidade. Isso responde ao questionamento no título deste texto. Apesar de ainda não ter centro de treinamento e estádio próprio, o representante do Amazonas na Série C dest

"Tenho a impressão de que a palavra 'feminista', como a própria ideia de feminismo, também é limitada por estereótipos". Esse trecho está na introdução de um dos livros da nigeriana  Chimamanda Ngozi Adichie. Sei que durante anos tive uma visão negativa do feminismo e inclusive expus isso neste blog. No entanto, neste momento da minha vida, creio que posso comentar sobre o tema sem maiores prejuízos à minha biografia.  A questão é que o feminismo é um tema  relativamente  recente e que ainda demorará um pouco para se estabelecer, apesar de sua imensurável relevância. E isso, às vezes é creditado pela própria criação que homens e mulheres recebem de seus pais. Por incrível que pareça, muitas crianças ainda aprendem que uma mulher deve se preparar para a maternidade e o casamento - onde deve assumir uma posição de subserviência - e ao homem caberá o papel de macho-alfa provedor. Um exemplo claro é a forma como a imagem de feministas é "pintada" até mesmo

Eis-me aqui olhando a tela deste computador. É a primeira vez que escrevo um texto enquanto estou na recepção do hotel em que trabalho. Abro a Ocupação e Receita e vejo apenas uma chegada prevista. Provavelmente, o hóspede não virá.  A crise que assola o mundo tem trazido a sugestão de que nada mais será como antes. Certas mudanças em nossos sistemas políticos e econômicos certamente virão. Mas, sem entrar no âmbito das projeções,  previsões e especulações, ultimamente, sempre que compartilho os dados da minha auditoria com a concorrência, sinto uma tristeza profunda. O motivo? Poucos hóspedes na casa, quase nenhuma UH ocupada, e uma incrível sensação de solidão. Muitos daqueles que permaneceram conosco mesmo num momento tão turbulento, foram remanejados. Em breve interromperemos nossas atividades até que as coisas melhorem. Hoje (segunda-feira), em condições normais, seria um dia agitado para nós hoteleiros. Desde a madrugada, inúmeros indivíduos chegariam das mais diversas regiõ

Domingo passado, depois de alguns anos ausentes, eu e minha companheira conseguimos ir numa banda de carnaval. Se comemorava os 40 anos do Bloco das Piranhas, uma das bandas mais populares e tradicionais da cidade de Manaus. Negociamos uma diária com a babá do nosso filho e partimos.  Por motivos óbvios, fomos de ônibus. A noite prometia e uns chopes gelados e caipirinhas estavam nos planos. N o trajeto, saquei o celular do bolso para ler um conto machadiano. Escolhi o texto intitulado Pílades e Orestes . E o que deveria ser uma leitura despretensiosa se transformou na descoberta de mais uma obra magistral daquele que foi um verdadeiro mestre das Letras. O enredo é simples, mas nele percebemos toda a maestria de Machado de Assis para conduzir uma narrativa. Com o pouco tempo que hoje tenho para ler e escrever, em toda a oportunidade que me surge tento otimizar tais momentos. E assim se deu este momento que levei da minha casa à Arena da Amazônia: um mergulho numa singela obra de u

Acabo de chegar com umas comprinhas para que o primeiro aniversário do nosso filho não passe em branco. Improvisaremos um bolo com refrigerante, empadas e mini pizzas. Tudo muito simples, afinal, um Príncipe austero não deve promover festas pomposas ou banquetes sofisticados. Brincadeiras à parte, hoje, mais do que nunca, é dia de agradecer: Sou grato à vida por me proporcionar o privilégio de ser pai, pela  honra de ter esta criança todos os dias em meus braços,  pelos dias que passei e pelos dias que hei de passar ao seu lado. Tem sido maravilhoso acompanhar o seu crescimento, contemplar sua evolução, seu entendimento sobre o mundo e o desenvolvimento da sua inteligência. O ensaio dos primeiros passos, a destreza para descer da cama e até a irritabilidade ao ser contrariado têm sido sublime.  A cada dia que passa, sinto o amor que em mim brotou criar raiz, se solidificar.  Não consigo mais nutrir aquele egoísmo racional que orientou a minha conduta em tempos passados. Talvez